segunda-feira, setembro 25, 2006

Questões cabeludas

Sabem quem foi o Kurt Cobain? E sabem quem é a personagem Sawyer da série LOST?
Se eu disser que quero ficar com o cabelo parecido a esses dois, também vão fazer pouco de mim? É que pessoalmente, assim que eu menciono o assunto, o riso é instantâneo, qual cão de Pavlov. Tem assim tanta piada? Sinceramente!

O Apocalipse Impresso

E mais uma vez este vosso amigo se deixou vencer pela preguiça que todos os dias o visita, portanto mais uma vez este blog (gosto de escrever à inglesa, detesto “aportuguesar” palavras) permaneceu mudo durante bastante tempo. Confesso que a ideia de me sentir obrigado a escrever me desanima, uma vez que devia escrever por vontade, necessidade, nunca obrigação. É o que tento fazer, escrever quando quero e peço desculpas a quem até gosta do que faço (escrever, neste caso). Como o mundo não muda nem trago infelicidade a ninguém, deixo-me andar.
Há uns dias li um artigo no DIA D do Público que abordava o fim da Imprensa como a conhecemos, ameaçada pelos novos meios de divulgação, como os jornais on-line e os blogs.
Na minha (humilde) opinião, a Imprensa palpável (jornais, revistas, etc.) nunca terá um fim contundente apenas por surgirem novas alternativas, assim como o teatro nunca desaparecerá por rivalizar com a Televisão e o Cinema. O Teatro tem milhares de anos, o cinema tem 100 e a televisão tem 60. O Teatro sempre sobreviveu e sempre irá sobreviver. A Imprensa equipara-se desta maneira ao Teatro: tem centenas de anos (se aceitarmos que começou com Gutenberg), ao passo que o uso comum da Internet tem cerca de 10 e os blogs têm no máximo 4.
As pessoas quando vão ao teatro ainda sentem a magia de outros tempos. A cortina a abrir, as pancadas de Molière, o desempenho dos actores em carne e osso, mesmo ali à nossa frente! É quase como que uma comunhão que fazemos com quem gostamos.
Ler o jornal ou a revista preferida poderá não ser como uma comunhão, mas pode funcionar com um processo de exorcismo dos problemas que nos atormentam, um momento de acalmia e de paz interior, assim como de privacidade. Sentir o papel nas mãos, folhear à vontade, destacar e recortar um artigo que nos chamou à atenção. A Internet por muita liberdade, facilidade e inovação que ofereça, não consegue – a meu ver – equiparar-se ao prazer de ler um jornal, uma revista ou um livro. Alguém teria paciência para ler o Código Da Vinci (apenas uma referência) através de um monitor de um computador?
Para além disso, a maior parte dos blogs são de opinião ou crítica. Sobre o quê? Na maior parte dos casos sobre aquilo que é publicado na Imprensa. Se esta acabasse, teríamos blogs de opinião sobre outros blogs e sobre o que vemos na televisão. Ridículo, não?
Resumindo, não há o que temer quanto ao fim anunciado da imprensa, pelo menos enquanto a ameaça se ficar pelos jornais on-line e blogs conhecidos. E esperemos que assim se mantenha, visto que é uma das coisas que eu tenciono fazer para ganhar a vida.