segunda-feira, maio 09, 2005

Cães e latidos!

O meu bairro, o bairro Padre Nabeto ( sim está bem, não gozem... ), deve ser um dos mais habitados no que se refere a cães parvos e deficientes por metro quadrado. Não me estou a referir ás pessoas, são mesmo os cães...
Esses animais, ditos guardiões da casa alheia, não são nada-mais nada-menos que um bicho que só caga e polui. Imaginem, olhem por exemplo hoje: noite calma, limpida, serena e uma brisa suave percorre todo o bairro; até sabe bem ir despejar o lixo...o cão da frente ( por mim apelidado por "cadela défe" ) começa a latir; pronto tá tudo estragado, caralho!
Depois é só ouvir a descandeação que alastra de casa em casa, de cão em cão, de sucessivos uivos e lamentações.
Pergunto-me, "O que estarão p'rá li a dizer estes animais cromos?" talvez falem em linguagem cão:-
uoUOUou! ( olha ali um gajo na rua )
-a UoUouuuoOu! ( pois é, um gajo na rua )
-UuUououo! ( não, é um gajo na rua )
-UuuouOuOuou! ( talvez seja um gajo na rua )
-UouuU, a, uUuou! ( gajo na rua, yé, gajo na rua )...É neste momento, que oiço já os cães da outra ponta do bairro a latirem, completando a desencadeação contagiosa do acto palhaço do ladrar. Ladram em coro mais 30 minutos depois de eu entrar em casa, e quando parece reinar o sossego...passa alguém na rua outra vez!
F*****!

terça-feira, maio 03, 2005

O Tempo não pára...

"...o tempo não pára, olho para o relógio, tic-tac-tic-tac, merda. Contagem decrescente. Tudo funciona em volta do tempo. O relógio, o sol. O por-do-sol, já é de dia, já é de noite, noite para um novo dia. Ou um dia para outra noite. Tic-tac, sem parar. Olho todo o dia para o relógio, já passou mais uma hora. E mais duas. E mais 24.
Contagem decrescente, tic-tac. Ritmo, lento mas que mói. De noite ele não pára também, o relógio nunca se apaga, sempre danto mais um tic no futuro. Milhões de tic-tac's já deu, sem se cansar.
Contagem decrescente, tipo foguetão. Mas o foguetão sobrevive ao tempo, e eu não. Tic-tac-tic-tac-tic-tac...já chega, pára. Já tirei as pilhas ao meu relógio e o tempo parou, mas os outros continuam no seu tic-tac contínuo. Tinha de tirar as pilhas a todos os relógios do mundo para o tempo parar. Mas perderia mais tempo nisso do que o tempo que perco a fazer de conta que o tempo está parado. Mas que não está, mas que um dia vai estar. Contagem decrescente. Virus que alastra. Consumido. Contagem descrescente. Não quero morrer.
Quando morrer o tempo parará.
E fico lá para sempre. Sem nada, sem tic nem tac."

(PS - Este texto é sério; num momento abrupto e tristemente filosófico, o concebi. Não foi criado para ser cómico...)